Fui “tentante” por quatro anos. Destes, por dois anos, a Dra. Raquel e sua equipe nos acompanharam nesta jornada, com seu apoio, atenção, carinho e, principalmente, muito respeito e discrição. Sempre me mostraram que não deveria desistir, embora algumas etapas exigissem mais do corpo e, também, de esforço mental para superar alguns contratempos e respostas negativas às tentativas e expectativas.
Durante todo este processo, minha crença na providência de Deus e na intercessão de Maria foram fundamentais para superar os “nãos ” que surgiram. Peguei a minha cruz e segui… A vitória veio no tempo certo, no tempo do Papai do Céu.
Foram muitos exames de sangue para monitorar os níveis de hormônios (por vezes, fazia até três coletas em uma mesma semana para escolher o melhor momento para tomar algumas medicações, ou definir alguma estratégia). E tantos outros exames feitos para investigar o motivo da infertilidade – histeroscopias, ressonância e ultrassons com preparo específico, exames genéticos, ultrassons convencionais para avaliar cada momento do processo.
Quantas consultas para avaliar o que fazer, como proceder e quando tomar uma ação. Em determinadas consultas descobrimos cistos, que precisavam de algumas semanas para se dissolverem e não interferirem nos resultados. E em outras tantas consultas, os exames mostravam que tudo ainda estava adormecido, sem responder às medicações ou o próprio corpo que já “envelhecia”.
Aos poucos, surgiram algumas respostas: endometriose, problemas nas trompas, problemas genéticos, falência ovariana indicando o início do climatério. A resposta positiva mais animadora era que meu útero estava saudável – o ponto de partida necessário para que algo pudesse ser feito.
Mas como deixei chegar a este ponto – não me cuidava? Não ia regularmente ao ginecologista? Respondo: SIM! Passava a cada seis meses em consulta ginecológica, de forma preventiva, devido à existência de casos de câncer na família (perdi minha mãe para um câncer de metástase de ovários – ela tinha 55 anos, e eu pouco mais de 30 naquela época. Meu pai faleceu há cerca de 4 anos por um câncer na região pélvica).
Fazia todos os exames de rotina e demais exames recomendados, principalmente após os 35 anos. Mas nunca imaginei que precisava de um médico especialista em reprodução… não recebi esta orientação de nenhum médico ginecologista, apesar de não evitar a gravidez por cerca de 7 anos e não engravidar de forma natural. O único método contraceptivo que usava era camisinha.
Muitas vezes me pegava pensando em desistir, me perguntando: “vale a pena passar por tudo isso, viver toda esta frustração?”. “É isso mesmo que quero?”. “Todos estes riscos valem?”. “Quantas vezes ainda vou chorar no meio da noite, com a cabeça no travesseiro, sem conseguir dormir, pensando se desta vez dará certo?”. “E depois com um bebê aqui, como ficará minha saúde pra cuidar – ficará tudo bem comigo???” Hoje, afirmo com toda a força e grito: “SIIIMMMM!!!!
Toda a investigação mostrou que algumas medicações e dosagens não se aplicavam, e também uma condição, um motivo pelo qual não conseguia engravidar: meu corpo entendia que um óvulo fecundado era um corpo estranho – como se fosse um vírus ou bactéria a ser combatido pelas células de defesa para me preservar. Aí, meu sistema imunológico se armava e eliminava este óvulo.
Não tinha como eu desconfiar: sempre tive muito fluxo, muitas cólicas fortes e crises de enxaqueca. E, apesar de me queixar aos médicos, diziam que era uma característica minha. Tomei muito remédio para conseguir amenizar essas dores e cumprir com os afazeres da minha rotina, sem saber o porquê de tantos sintomas.
Foi a partir desta descoberta, com quase dois anos de investigação, que surgiu a oportunidade que precisávamos, a nossa chance. A estratégia adotada foi implantar apenas um embrião. As chances do embrião “colar” e ocorrer a gestação eram maiores e mais concretas. Mas ainda existia o risco de dar errado. Como a mão de Deus e tudo o que vem Dele é perfeito! Como a natureza humana é espetacular!
Ainda lembro claramente do dia e de todo o processo desta transferência…
Esta foi a segunda tentativa, a que deu certo. Tentamos tantas outras condições e estratégias. Na primeira tentativa de implantação, tentamos com dois óvulos fecundados. Preparei uma playlist para aquele momento, “romantizei” toda aquela experiência. Foi frustrante quando o resultado do exame beta deu negativo… Sonhava com gêmeos…
Hoje agradeço por não acontecer conforme minha vontade. Papai do Céu sabe mesmo de tudo! Ainda bem que ele me permitiu viver este “não”. E me concedeu a graça da maternidade com apenas uma gestação.
No dia em que fizemos esta segunda transferência, optei por não escolher nenhuma música – pedi ao Papai do Céu que me mostrasse uma música para aquele dia especial. E entrei para realizar o procedimento com meu terço em mãos. Mesmo nos piores momentos, mesmo quando a fé enfraquecia, não deixei de rezar, não larguei o terço. Após algum tempo, durante o procedimento, surgiu em minha mente a canção “Soberano Deus”, cantada pelo Padre Reginaldo Manzotti. Essa foi a trilha sonora que mentalizei. O refrão não saiu da minha cabeça:
“Soberano Deus
Derrube as muralhas
Vá à frente nas batalhas
Faz-me forte e fiel
Se eu cair, me ajude a levantar
E quando a Cruz pesar
Faz-me resistir
Soberano Deus”
Após doze dias, um novo beta foi colhido e finalmente recebi a confirmação de que estava grávida! Como esperei por aquele “sim”! Finalmente minhas lágrimas eram de felicidade! Minha família aumentaria. Minhas forças se renovaram. Ganhei novas asas pra voar.
A Sagrada Família atendeu às minhas súplicas: tive uma gestação tranquila. Não tive problemas com pressão alta ou com a tão temida diabetes gestacional. Mas não escapei dos inchaços e da retenção de líquido – como minhas pernas e pés ficaram doloridos e pesados!
Meu bebê sugava todos os nutrientes que conseguia! A cada fase crescia cada vez mais forte. Cada ultrassom era uma nova emoção. Agradeci cada evolução, cada novo passo à Mamãe do Céu – minha intercessora e confidente. Quantas vezes Maria Santíssima me ergueu, me fez mais forte, secou minhas lágrimas e me colocou em seu colo.
Não me esqueço do primeiro morfológico – toda a formação da coluna e das costelas… como se mexia… aqueles pés e mãos magrinhos…
Algumas vezes recorremos à infusão de suplemento de ferro para que não tivesse uma anemia que interferisse na gravidez. Tomei algumas infusões de Lipofundin também. Tudo isso sempre pedindo para que uma gota do Sangue de Jesus fosse derramada naquele líquido, abençoando e nos fortalecendo.
Demorou para conseguirmos confirmar que era uma menina: esta sapeca sempre dava um jeitinho de se esconder nos ultrassons. E sempre estava com uma mãozinha cobrindo o rosto, ou com o rosto virado para a placenta. Eu sonhava com uma menina, para ser minha parceira e amiga – assim como era meu relacionamento com minha mãe. Sei e sinto que ela está orgulhosa e velando por sua netinha lá no Céu, protegendo-a.
Em minhas orações pedia pela graça da gravidez, pelo dom da maternidade. Que viesse uma criança perfeita, saudável, não importava se fosse menina, menino, unicórnio… Mas, se pudesse ser uma garotinha… Obrigada por caprichar, Senhor!!!
O segundo morfológico foi ainda mais incrível: ver todas as câmaras do coração e o fluxo do sangue, ver o cérebro todo formado e suas veias, os rins funcionando, os pulmões “respirando”… Nossa, ainda me emociono quando lembro.
Com 35 semanas de gestação, levei um pequeno susto: após um banho, começou a escorrer dos meus seios um líquido esbranquiçado – era colostro! E agora?
Liguei para a Dra Raquel, e ela me orientou. Ufa, que bom que parou… Se continuasse, poderia entrar em trabalho de parto.
Chegamos aos nove meses de gravidez. E nenhum sinal de que minha menininha queria sair do forno. As semanas foram passando, fiz ultrassons até a semana 38 de gestação. Para evitar qualquer complicação (principalmente evitar que a bebê fizesse o número dois dentro da placenta), a Dra Raquel nos orientou a deixar pré marcado um dia para o parto – caso a bebê não nascesse antes.
Com 39 semanas e dois dias, apesar de induzir parto normal, não tive a dilatação necessária. Após a cesária, finalmente pude ver e beijar minha bebezinha! Que perfeita! Que lindinha! E apesar de acabar de chegar, me surpreendeu quando colocada pra mamar, ainda na sala do parto: pegou o bico direitinho! E mamou… Foi mais uma sensação incrível de toda esta jornada.
Apesar das dificuldades da maternidade, de ser mãe de primeira viagem, hoje tenho certeza de que esta é a minha missão, a minha vocação. Ser mãe me transformou. Como estou feliz!!!
Meu esposo sempre esteve ao meu lado durante toda a jornada. Seu apoio foi e é sempre importante. Além de excelente marido, é um pai maravilhoso!!! Os primeiros banhos da bebê e as trocas de fralda foram todos por conta dele. Agradeço por ele estar comigo, por tudo o que ele é e faz. Ele é amigo, companheiro.
A Dra Raquel faz parte da nossa família. Gratidão por tudo!!! Ela é minha referência como profissional. É minha médica número um. Por meio da Dra Raquel quero agradecer a todos os médicos que estiveram envolvidos neste processo. Uso aqui o nome da Aline para agradecer a toda equipe da enfermagem. Agradeço à atenção da Luciana – que me confortou com suas palavras cheias de fé e com uma boa xícara de chá nos momentos mais apreensivos. E por meio da Rayane agradeço toda a atenção e cordialidade das meninas do atendimento/recepção. Obrigada aos demais profissionais que fazem parte da equipe CITI Hinode e que pertencem ao processo (financeiro, embriologia etc)
Hoje, sob o olhar e pelas mãos do Senhor, por intercessão de Maria, que sempre nos mostra como chegar à vitória, um milagre, uma pequenina parte de um pedacinho do Céu habita meu lar e enche nossa família de alegria com sua evolução. E este mesmo olhar e intercessão guiou tudo.
À toda equipe CITI Hinode, muito obrigada por nos acompanhar nesta jornada. Peço pela saúde e por bênçãos a todos em minhas orações. Acredito que nos veremos em breve. Até a próxima consulta…
História contada por paciente do CITI Hinode, que autorizou a publicação em nosso site com o objetivo de incentivar outras famílias a terem resiliência, esperança e força para seguirem em frente até a realização do sonho da maternidade